Esporte

André Rocha conquista medalha histórica para o Brasil em Paris

Bronze do taubateano é a medalha de número 400 do Brasil em Jogos Paraolímpicos

Alexandre Soledade | Data: 02/09/2024 06:57

No apagar das luzes do terceiro dia de competições do atletismo nos Jogos Paralímpicos de Paris, a modalidade proporcionou ao Brasil um momento marcante: a medalha de número 400 do país na história da competição. E a medalha veio com o taubateano André Rocha, de 47 anos, que foi bronze no lançamento de disco da classe F52, para atletas que competem sentados.

A primeira medalha paralímpica da carreira do bicampeão do mundo nesta prova (títulos conquistados em 2017 e em 2024) arredondou as contas do esporte paralímpico do Brasil, que agora tem 117 ouros, 136 pratas e 147 bronzes desde que começou a competir nos Jogos, na edição de 1972, em Heidelberg, na então Alemanha Ocidental.

“Eu vou ser bem honesto, não me via sem essa medalha, por tudo que passei, por tudo que treinei, por tudo que a gente construiu para chegar até aqui. Então, valeu o bronze novamente com sabor de ouro. E, nossa, medalha de número 400. Então, tem um sabor ainda mais especial, é nossa, é do Brasil”, disse André.

LUTA


Mas a medalha de número 400 veio com alguma dose de drama. No lançamento de disco, cada atleta faz seis tentativas de uma vez e então aguarda pelos desempenhos dos outros para saber em que posição finaliza. André Rocha, que era o detentor do recorde mundial da prova antes de começarem os Jogos, com 23,80 metros, conseguiu 19,48 metros como melhor marca, tendo o segundo lugar como teto. Antes dele, o italiano Rigivan Ganeshamoorthy superara o recorde anterior de André quatro vezes, fechando com 27,06 metros como melhor marca, estabelecendo o novo recorde.

Após André Rocha, ainda restavam mais cinco competidores, e o letão Aigars Apinis logo o superou, registrando 20,62 metros. O paulista de Taubaté então aguardou pelos lançamentos dos outros quatro adversários até finalmente comemorar o bronze.

SUPERAÇÃO


André Rocha era policial militar e durante uma perseguição policial em 2005 acabou caindo de um muro. Com isso, sofreu uma grave lesão na lombar. Após complicações cirúrgicas e uma nova lesão na cervical ficou com lesões permanentes também nos membros superiores, tornando-se tetraplégico. O esporte paralímpico entrou na sua vida em 2013.

“Fiquei sabendo que tinha 70 mil pessoas nesse estádio, é surreal! Eu nunca vivi isso na minha vida”, confessou André. “Acho que o mais tenso de tudo foi realmente ter que aguardar depois dos adversários, ter que lançar e a gente secar. Secamos muito e, graças a Deus, deu tudo certo”, brincou.

CEREJA NO BOLO

Por fim, e não menos especial, a cereja do bolo neste dia 1º de setembro para André Rocha foi a celebração da vida de alguém que ele ama muito. Vânia, sua esposa, comemorou aniversário neste domingo e o atleta também dedicou a medalha dos Jogos Paralímpicos para sua amada e seus filhos se emocionando bastante. 

“O aniversário dela hoje é outro sabor especial. É, minha esposa, hoje é aniversário dela. Vânia, meu amor, meus parabéns. Obrigado por tudo, obrigado por estar aqui, nossos filhos juntos, é um momento único, sabe. Nossa, eu não sei. Não consigo descrever isso”, se emocionou. 

A medalha de André foi a única do atletismo brasileiro neste domingo. Nas outras finais do dia, Matheus Lima terminou em oitavo nos 100 metros T44, mesma posição de Ariosvaldo Silva na final dos 400 metros T53. Na parte da manhã, Samira Brito e Verônica Hipólito terminaram em sexto e sétimo, respectivamente, na final dos 200 metros T36.

Ao final do quarto dia de competições em Paris, o Brasil - que não conquistou ouros neste domingo - acabou ultrapassado pelos Estados Unidos no quadro de medalhas, caindo para o quarto lugar, com oito ouros, quatro pratas e 15 bronzes, totalizando 27 pódios.

GIGANTE 


Alessandro da Silva, de 39 anos, inicia sua jornada nesta segunda-feira (2), quando disputa a final do Arremesso de Peso (classe F11 para deficientes visuais). A prova está marcada para 15h35 (horário de Brasília).

Alessandro “Gigante” volta ao estádio de Saint-Denis no dia 05 de setembro, quinta-feira, quando disputa a final do Lançamento do Disco (classe F11). A prova que pode dar ao paratleta taubateano seu Tricampeonato Paralímpico, está marcada para 06h25 (horário de Brasília).

O atleta é atual Bicampeão Paralímpico do Lançamento do Disco, tendo conquistado Ouro na prova da classe F11 (para deficientes visuais) nas edições do Rio 2016 e Tóquio 2021. Na última Paralimpíada, disputada em Tóquio, na prova do Peso, o taubateano conquistou a medalha de Prata.



Nós usamos cookies
Eles são usados para aprimorar a sua experiência. Ao fechar este banner ou continuar na página, você concorda com o uso de cookies. Saber mais