Projeto polêmico: como pensa cada lado sobre a volta dos rodeios em Taubaté
Proposta de liberação de rodeios em Taubaté, prática proibida na cidade desde 2009, é de autoria do vereador Bilili de Angelis (PP), o qual é da área agropecuária e agrícola
A votação do projeto de lei que propõe a liberação de rodeios em Taubaté foi adiada nesta terça-feira, 17, após um pedido de vista feito pelo vereador Moises Pirulito (PL), que solicitou mais tempo para analisar a proposta. O pedido suspende a tramitação por 48 horas, o que abre a possibilidade de o texto ser votado na próxima sessão, marcada para o dia 24 — última antes do recesso parlamentar de julho. Proposta de liberação de rodeios em Taubaté, prática
proibida na cidade desde 2009, é de autoria do vereador Bilili de Angelis (PP),
o qual é da área agropecuário e agrícola.
O texto põe em pauta a realização de rodeios de animais e
provas equestres, o que inclui atividades como montarias em touros, provas
equestres cronometradas, cavalgadas, hipismo, provas de marcha e rodeio em
cavalos; sendo vedada a vaquejada. O projeto propõe que seja obrigatório que a
entidade promotora dos rodeios providencie a disposição de médico veterinário,
para assegurar boas condições físicas e sanitárias dos animais e impedir
maus-tratos.
Em 2009 foi proibida a realização de rodeios na cidade de Taubaté.
Em 2016 e 2017 voltaram a discutir sobre a questão, porém não houve avanço. Já
em 2018, a Câmara aprovou texto que permitia realização de feiras agropecuárias
e leilões de animais, exceto rodeios. Em 2022, um projeto do vereador Alberto
Barreto (PRD) tentou liberar os rodeios, mas foi arquivado.
O projeto atual, apresentado por Bilili, detalha uma série
de regras a respeito dos eventos, como exigência de atestados sanitários,
transporte adequado dos animais, infraestrutura específica para o bem-estar dos
competidores e dos animais e destinação de 3% da arrecadação líquida de cada
evento para o Fundo de Proteção Animal.
Elisabeth Soares acompanha a causa animal e luta pelo fim
dos rodeios desde 2009 e estava presente na sessão desta terça-feira, 17, para
manifestar sua contrariedade. “Nós temos projetos muito mais importantes para
tratar hoje e não precisaria desperdiçar energia discutindo sobre esse assunto
novamente. Poderia tratar do Sitio do Pica Pau Amarelo ou o trem que está em
Tremembé. O povo diz que o rodeio vai trazer dinheiro para a cidade, mas é só
pra quem trabalha no ramo. O Bilili está legislando em causa própria, porque
ele tem açougue, cria bois”, comentou Elisabeth.
O vereador da oposição, Douglas Carbone (SD), ressaltou que
não há estrutura física e nem local para realizar um evento dessa proporção e
relembrou fato que ocorreu e marcou de forma negativa a cidade. “Houve uma
experiência péssima nos últimos anos, que foi quando um rapaz morreu pisoteado
por um touro. A família ficou totalmente desamparada, recebeu
um salário mínimo. Fala que vai impulsionar o comércio mas para um pipoqueiro
da cidade colocar o carrinho de pipoca lá é cobrado dois mil reais”. Propôs a
ideia de usar como exemplo festas que acontecem na região. “Vamos fazer uma
festa como a que ocorre em Caçapava, a de São João, feita só com músicas, o que
já atrai gente, sem colocar animais em momento de estresse e ansiedade em uma
arena, colocando em risco a vida do animal e a vida de quem está montando aquele
touro”, afirmou o vereador protetor da causa animal.
Bili respondeu às acusações na tribuna “eu não tenho medo,
não estou legislando em causa própria, porque se for assim, o nobre vereador
(Douglas Carbone) também está legislando em defesa da causa animal para ganhar
voto com isso. Tenho 70 anos de idade, totalmente realizado, e eu venho da zona
rural. Defensor de animais adora uma picainha e eu sempre doei ração para ongs
de proteção animal. Muitas vezes não tinha ração na zoonose e eu doei da minha
propriedade para tratar dos animais. A turma fica gritando, mas não tem coragem
de cortar um fio de grama para dar para o animal”, rebateu Bilili.
Raquel Novaes, trabalha em uma rádio da cidade e é casada com locutor de rodeio, estava presente na sessão desta terça-feira em apoio ao projeto do vereador agropecuário e apontou que rodeio traria benefícios para o comércio da cidade. “O agronegócio tem crescido muito na cidade. O rodeio movimenta toda a cidade, em áreas diversas como por exemplo hotelaria, restaurante. Hoje temos a Feicamp, que tem grandes shows, espetáculos, prova de tambor e prova do laço, mas se houvesse rodeio seria frequentado por muito mais pessoas. O Bilili luta pelo agronegócio, isso não é legislar pelo interesse próprio” afirmou Raquel.