Editorial: o ataque a Loreny Caetano e a urgência de eleições limpas
Fake news e ataques pessoais evidenciam os desafios enfrentados por mulheres na política e a necessidade de uma campanha baseada em respeito e propostas
A denúncia de Loreny Caetano, candidata à prefeitura de Taubaté pelo Solidariedade, sobre uma montagem que circula na internet com sua imagem sem roupa, é um reflexo alarmante do que a política brasileira ainda permite em pleno século XXI. A difusão de fake news e ataques de cunho pessoal, especialmente contra mulheres, é uma tática baixa que fere não só a imagem da vítima, mas também a democracia e a civilidade do processo eleitoral.
Loreny, em seu vídeo de denúncia, demonstrou não só sua indignação, mas também a força necessária para combater esse tipo de violência. Suas palavras tocaram em um ponto crucial: a tentativa de descredibilizar e diminuir uma mulher através de uma exposição degradante. Esse tipo de ataque não só ofende a pessoa envolvida, mas também todas as mulheres que lutam diariamente por espaço e respeito em um ambiente muitas vezes dominado por figuras masculinas.
O posicionamento de outros candidatos em solidariedade à Loreny é louvável, mas revela a profundidade do problema. Quando a violência política atinge esse nível, todos perdem. O atual prefeito José Saud, Márcia Eliza, Sérgio Victor e Coronel Paulo Ribeiro foram unânimes em condenar o ato, mas a repetição de discursos e a recorrência de casos como este demonstram que palavras de repúdio, embora importantes, não são suficientes. É necessário um esforço coletivo, não apenas dos candidatos, mas de toda a sociedade, para banir práticas tão desprezíveis.
Este episódio reforça a necessidade urgente de um debate mais sério sobre o papel das fake news e da violência de gênero na política brasileira. Enquanto permitirmos que candidatos, especialmente mulheres, sejam alvo de ataques pessoais e desrespeitosos, estaremos comprometendo a integridade do processo democrático. A violência política, em todas as suas formas, deve ser combatida com a mesma intensidade com que defendemos a liberdade de expressão e a pluralidade de ideias.
É hora de Taubaté, e o Brasil como um todo, refletirem sobre os valores que desejam promover. A violência, seja ela física ou digital, não pode ser uma arma de campanha. Precisamos, mais do que nunca, de eleições limpas, baseadas em propostas, debates e respeito mútuo. Somente assim construiremos um futuro onde a política seja um espaço de verdadeira representatividade e justiça social.