O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, de 75 anos, foi preso na madrugada desta sexta-feira, 25 de abril, em Maceió, capital de Alagoas. A prisão ocorreu por volta das 4h, segundo a defesa, no momento em que o político se deslocava para Brasília, onde pretendia cumprir voluntariamente a pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Collor foi condenado pelo STF, em maio de 2023, a 8 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na última quinta-feira, 24, o ministro Alexandre de Moraes rejeitou os últimos recursos apresentados pela defesa e determinou a execução imediata da pena. A condenação está relacionada a um esquema de recebimento de propina na BR Distribuidora, entre 2010 e 2014, em contratos com a construtora UTC.

De acordo com nota da defesa, o ex-presidente foi encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal em Alagoas, onde permanece custodiado. A defesa afirmou ainda ter recebido “com surpresa e preocupação” a decisão que determinou a prisão.

No julgamento, o Supremo considerou que Collor usou sua posição como dirigente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para influenciar politicamente as nomeações na BR Distribuidora e, com isso, viabilizar os contratos que teriam rendido R$ 20 milhões em propina. Documentos apreendidos com o doleiro Alberto Youssef e depoimentos de colaboradores da Operação Lava Jato foram usados como provas no processo.

A pena imposta foi de 4 anos e 4 meses por corrupção passiva e 4 anos e 6 meses por lavagem de dinheiro. A acusação de associação criminosa foi considerada prescrita, em razão da idade do réu.

Collor ainda tentou, sem sucesso, reduzir sua pena por meio de recursos que foram julgados improcedentes pelo STF. Na visão de Moraes, os argumentos apresentados pela defesa já haviam sido examinados anteriormente e visavam apenas adiar o cumprimento da pena. Uma sessão virtual está prevista para esta sexta-feira, das 11h às 23h59, para referendar a decisão de Moraes.

Fernando Collor foi presidente do Brasil entre 1990 e 1992, quando renunciou ao cargo durante processo de impeachment. Desde então, teve trajetória política marcada por outros cargos, como senador por Alagoas entre 2007 e 2023, e por uma candidatura ao governo estadual em 2022, na qual terminou em terceiro lugar.