SE A PALAVRA NÃO IMPORTA...
Nos últimos dias, a inquietação tem tomado conta dos milhares de servidores municipais.
Nos últimos dias, a inquietação tem tomado conta dos milhares de servidores municipais.
Temendo o retorno ao Palácio do Bom Conselho de mandatários que lhes causaram dissabores de toda espécie, o funcionalismo municipal, na sua maioria, resolveu não só votar como também fazer campanha para aquele que seria eleito prefeito de Taubaté. Houve mobilização incomum por parte desses abnegados servidores públicos e de suas famílias em prol do candidato messiânico que trazia em si o sebastianismo de Antonio Conselheiro.
A vitória veio de forma estrondosa e acachapante para o candidato que chamava os funcionários de “turma” quando, de maneira insofismável, assegurava que valorizaria esses trabalhadores e trabalhadoras e que jamais mexeria em seus direitos. Ledo engano. O próprio candidato já sabia que isso eram palavras ao vento. Mesmo assim, se valeu da máxima usada pelos políticos inescrupulosos e pelos conquistadores baratos: “FALE PARA O POVO O QUE ELE QUER OUVIR, MESMO QUE SEJA MENTIRA”. Dessa forma, ficou fácil ganhar a eleição. E ainda na esteira da velha política, recomenda-se fazer as maldades nos primeiros seis meses de mandato, pois o povo terá mais de três anos para esquecer as ofensas.
Na política, a única ingenuidade que se apresenta vez ou outra é do próprio eleitor que, na ânsia de ver seus problemas resolvidos, se encanta tanto com o discurso que se esquece de analisar o perfil do candidato e do próprio partido no qual ele está inserido.
Um partido ou um candidato que pregam o Estado Mínimo estão umbilicalmente ligados com a precarização do serviço público e conseqüente privatização ou terceirização desse serviço. E o servidor público como fica nessa relação sob a ótica do privatista? Simplesmente não fica, pois representa despesa. Em apenas 60 dias, o mandatário da “turma” já deixou claro pra que veio e por isso já definiu o alvo a ser abatido: o servidor público municipal de Taubaté. Porém, fica uma pergunta bem ingênua: o seu compromisso não era com a MORALIDADE? Nesse período tão breve já escorregou feio nessa seara.
Há uma luz no fim do túnel. É sempre possível tirar algo de bom do que é ruim. Da mesma forma que excremento vira adubo, uma má administração tem suas vantagens. A maior vantagem até agora do administrador da “turma” foi conseguir despertar a mobilização do servidor que, de forma unânime e uníssona, marchou para o prédio onde o alcaide taubateano cumpria expediente e teve seu sossego inquietado por discursos e palavras de ordem com muitos adjetivos, merecendo destaque “mentiroso!”.
O prefeito desconhece uma das principais lições de Sun Tzu Wa em “A Arte da Guerra” que diz ser obrigado conhecer a si e ao inimigo para ter certeza de vitória em todas as batalhas.
Certamente, ele não conhece nem a si nem ao adversário. Por isso está acumulando derrotas, dentre elas o recuo do famigerado decreto que impõe perda de direitos aos trabalhadores e trabalhadoras municipais. Esses atropelos são frutos de assessoria inadequada. Além de assessoria falha, o prefeito empresário se esqueceu da capacidade de mobilização dos próprios servidores que se articularam e foram para o enfrentamento sabendo de todos os riscos que uma perseguição ou um assédio moral podem causar.
Em relação a esse decreto, fica claro que o objetivo do mandatário é cortar gastos e não o bem estar do servidor público. A inépcia da administração municipal não deixa ver que para resolver o problema imposto pelo tribunal de contas, bastaria acrescentar uma única letra, a letra S, no artigo 186 da Lei Complementar Municipal 01/90. Dessa forma, o cálculo da insalubridade passaria a ser sobre “OS VENCIMENTOS” (padrão e adicionais) e não sobre “O VENCIMENTO” (apenas o padrão). Esse detalhe acabaria com toda a inquietação no serviço público municipal.
Sei que essas minhas palavras, para o alcaide, têm o mesmo valor de quem prega no deserto. Porém, o mandatário, ao se mostrar recalcitrante a essa sugestão, apenas aumenta a mobilização dos funcionários pela manutenção de direitos. Certamente, veremos um espetáculo de articulação desses trabalhadores e trabalhadoras no próximo dia 07 de março em frente à Câmara Municipal da cidade. Uma articulação espontânea que provou aos próprios trabalhadores que eles não precisam de lideranças de fora do círculo para fazerem a coisa acontecer.
Será uma manifestação linda, com discursos inflamados e com direito a trilha sonora de Beth Carvalho “Vou Festejar” porque o eleito traiu quem muito lhe ajudou.
Sem dúvidas que esses dissabores e privações serão lembrados pelos servidores em 2028, que já está logo ali.
Por fim, essa crise só se instalou porque o “Tal de Sérgio” não cumpriu a palavra. Antigamente a palavra se sustentava sem a necessidade de estar escrita. Vamos dar um desconto. O prefeito é Novo e por ser Novo talvez desconheça o valor da palavra. Mesmo sem honrar a palavra, um político jamais deve se esquecer do fatalismo histórico que nos assegura que PIOR QUE CUSPIR NO PRATO QUE COMEU, É COMER NO PRATO QUE CUSPIU.