Post

POR QUEM OS SINOS DOBRAM, SERVIDOR?

Desta vez, para tratar da expiação do servidor público municipal de Taubaté, dei um pulinho breve na Inglaterra do Século XVII, 1601-1700, e fui prosear com o poeta John Donne sobre a necessidade de enxergar o outro como uma extensão de mim, de modo que tudo o que acontecer com o outro me atingirá também. E nessa prosa, descubro que o poeta já prenunciava, 400 anos antes, o termo EMPATIA que tanto usamos no Século XXI.

Paulo Ribeiro | Data: 14/05/2025 10:04

Desta vez, para tratar da expiação do servidor público municipal de Taubaté, dei um pulinho breve na Inglaterra do Século XVII, 1601-1700, e fui prosear com o poeta John Donne sobre a necessidade de enxergar o outro como uma extensão de mim, de modo que tudo o que acontecer com o outro me atingirá também. E nessa prosa, descubro que o poeta já prenunciava, 400 anos antes, o termo EMPATIA que tanto usamos no Século XXI.

Como esse escrito é um tratado político, não fugirei do cerne do tema. Os políticos, dos diversos cargos, são escolhidos, de maneira pura, pela identidade que se estabelece entre ele e o eleitor. E essa identidade é reforçada no momento em que o eleitor percebe que ambos têm a mesma essência e reciprocamente se vêem como extensão do outro, como prenunciara John Donne. Falei “maneira pura” como a forma ideal. Entretanto, a política não é regida pela moral cristã. Para Maquiavel, a política tem moral própria, com permissividades extremas e que asseguram ao político não garantir no almoço o que ele jurou de pés juntos no café. Essa é a grande esteira por onde desfila a elite parasitária da política brasileira.

E onde entra Taubaté nessa estória? 

Desde o começo, tudo aqui se refere a Taubaté. A começar pelos trabalhadores que acreditaram na falsa identidade das palavras maviosas do jovem bem alinhado que os seduziu de maneira hipnótica, como do jovem político amorfo que, transpondo princípios da moral cristã, prometeu sabendo que não cumpriria. Ardilosamente, foi enfático e eloqüente na medida certa para engabelar aquelas pobres almas sedentas de mudança, mas, no íntimo, recheadas de desejo de vingança contra administradores passados. A sede de vingança deixa as pessoas cegas. Os servidores, nesse ímpeto, ficaram tão cegos que abandonaram a única candidatura que tinha compromisso com a garantia de direitos e abraçaram a candidatura que trazia na sua essência a vontade, quase lasciva, de exterminar o serviço público e, conseqüentemente o servidor público. Na sua concepção de estado mínimo, esses dois fatores geram despesa e o município, dentro dessa visão empresarial, precisa dar lucro.

O jogo está posto e seguirá sendo jogado. Os servidores precisam agora entender que essa batalha já está perdida e precisam se preparar para as próximas lutas, pois essa guerra ainda se arrastará por mais três anos. Porém, é preciso muita cautela na hora de escolher qual a melhor estratégia para enfrentar uma administração estrangeira e avessa ao serviço público. Vejo com preocupação as articulações para a reconstrução de um sindicato forte e que de fato represente os interesses da classe trabalhadora.

É preciso jogar limpo com todos os servidores explicando alguns pontos importantes sobre o sindicato. Sobre a dívida, sobre o valor dessa dívida e como será paga. No aspecto político, é preciso dizer ao trabalhador que todo sindicato é ligado a uma central sindical e a um partido político. E no caso de Taubaté, o sindicato dos servidores municipais estará sob o jugo de qual partido político e de qual central sindical? Certamente, não haverá alinhamento ideológico entre a maioria dos servidores e esse sindicato teleguiado.

Creio que o mais importante a ser dito para esses trabalhadores é que não é obrigatória a existência de um sindicato para representar a categoria. Existem outras formas tão eficientes quanto. Uma associação tem esse poder e é muito mais dinâmica e maleável sem a contaminação político-ideológica do sindicato. A sua efetivação pode se dar em poucos dias, dependendo exclusivamente da vontade de uma parcela dos servidores.

Aqui deixo um alerta: A vitória de Sérgio Victor representou um atraso para os trabalhadores, mas um sindicato aparelhado pode ser muito mais nocivo do que se possa imaginar.

Não posso encerrar esse texto sem reconhecer o valor do ministério da propaganda da prefeitura de Taubaté. Diante do caos, conseguem isolar o alarido dos políticos de oposição conveniente e se lançam nos braços do povo, de mãos dadas, como em uma mancebia inaceitável que se materializa em altos níveis de aprovação dessa administração. Um verdadeiro fenômeno de propaganda sem explicação. Enquanto isso, o movimento dos servidores vai perdendo força e os profissionais da saúde ficando cada vez mais isolados em relação às outras categorias que não se sentem representadas pelo movimento. Restou agora virar as baterias contra a secretária de saúde na vã esperança de que ela caia e um dos integrantes do movimento assuma a cadeira. Garanto que isso não acontecerá. E o movimento se esvaziará ainda mais quando a administração, habilidosamente, beneficiar outras categorias.

FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO.

Servidor municipal, retornando ao começo na viagem ao Século XVII, “não pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por você” que continua sendo iludido por falsas promessas de todos os lados, inclusive de silenciosos políticos de oportunidade que lhes abandonarão em breve.

In suma, somos livres para escolher, mas somos prisioneiros de nossas escolhas. Agora é preparar o espírito para esse longo e tenebroso inverno de quatro anos que nos açoitará sob a forma de administração do Partido Novo.

Nós usamos cookies
Eles são usados para aprimorar a sua experiência. Ao fechar este banner ou continuar na página, você concorda com o uso de cookies. Saber mais