O QUE É MATURIDADE POLÍTICA?
Ativo valioso na gestão de uma cidade complexa como Taubaté.
Taubaté, terra de Monteiro Lobato, mas poderia ser a terra do Barão de Munchausen pelos políticos que aqui se aninham, mentirosos contumazes. Como que prenunciando essas vigarices, Monteiro Lobato dedicou importante capítulo do Sitio do Pica Pau Amarelo para narrar “As Aventuras (mentiras) do Barão De Munchausen”.
Mesmo com esse alerta de quase um século, grande parte da população, como se estivesse môca, não ouviu o que mestre da literatura quis avisar. A história é trágica e a urna não perdoa. Como toda desgraça pouca é bobagem, as urnas nos trouxeram um mandatário de dupla personalidade política que, durante a campanha, travestido majestosamente de Barão de Munchausen, logrou êxito com seu discurso sereno, insidioso e belo. Entretanto, ao assumir o cargo, a outra face se manifesta não mais como Barão mitômano, mas como o ardiloso Flautista de Hamelin.
O flautista do século 21 já não usa mais flauta, nem encanta roedores afogando-os em um rio caudaloso. Esse viajante do tempo usa as redes sociais para encantar a população que, encandeada, caminha a passos largos para o precipício da sua própria existência.
Por mais neófito que se possa ser na política, é inadmissível ser apedeuta nos assuntos e normas que circundam essa ciência exata. Muitos escreveram sobre a prática política, mas, para um beócio, fica difícil entender algumas normas imperativas deixadas por Nicolau Maquiavel em sua memorável obra “O Príncipe”. Para o atual chefe do executivo, quero citar apenas uma, pois essa “uma” pode lhe salvar o mandato ou enterrar definitivamente sua carreira política:
“O POVO CONSPIRA COM QUEM O PROTEGE”.
Mas quem é esse povo? No caso específico aqui tratado, são os funcionários públicos municipais de Taubaté. Essa legião de trabalhadores e trabalhadoras que, sentindo que foi enganada pela maviosidade na fala do candidato da “turma”, se rebela contra o chefe maior antes que seja empurrada para o precipício.
Esse relacionamento, fervoroso na campanha e pós-eleição, se desfaz nas primeiras horas de 2025 quando o prefeito eleito, de caso pensado, edita as primeiras medidas do seu choque de gestão, cujo alvo são os servidores municipais e o serviço público do município.
Por que os servidores caíram nesse engodo? Desespero de se livrar de mandatários que lhes infligiram duras penas geradas por um clima organizacional insustentável e por isso achavam que não poderia aparecer alguém pior que os algozes do passado. NADA É TÃO RUIM QUE NÃO POSSA PIORAR.
O prefeito, mais uma vez, desconhecendo Maquiavel, não se alia aos servidores. Na esperança de que a classe política pavimentará o seu caminho de glória na política da cidade, alia-se a políticos locais e a apoiadores dispostos a dizerem que ele está sempre certo. Tanto Maquiavel, em “O Príncipe”, quanto Sun Tzu, em “A Arte da Guerra”, orientam o mandatário sobre o perigo da traição que habita na essência dos bajuladores. São tipos humanos altamente venais e que o deixarão a ver navios na primeira oportunidade.
A política tem moral própria. Nosso erro é querer levar a moral cristã para a política. Palavra é um quesito dispensável com o qual grande parte do mundo político não tem o menor apreço. Da mesma forma que ele desprezou compromissos de campanha, também poderá provar desse veneno tendo como única base de apoio a classe política.
Caro prefeito, na política, é preciso ser um misto de leão e de raposa. Astúcia da raposa para escapar das armadilhas e a força do leão para encarar os lobos da traição. Certamente, a lealdade estará sempre presente nos servidores se forem respeitados e valorizados. Ainda dá tempo de virar o jogo.
ESQUEÇA A CARTILHA DO PARTIDO!
Ninguém governa sozinho!
É ledo engano imaginar que você conseguirá administrar Taubaté e tirá-la do atoleiro em que se encontra sem ir ao encontro do governo do Estado e do Presidente da República, que embora esses mandatários sejam de partidos políticos diferentes do seu, são eles que têm a chave do cofre.
A isso chamamos de maturidade política.