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CRIME ORGANIZADO, A METÁSTASE NA SEGURANÇA PÚBLICA

Todo mundo tem um preço, só muda a moeda. Mas uma coisa é certa: quando você receber seu preço, você valerá muito menos do que aquilo que recebeu.

Paulo Ribeiro | Data: 23/01/2025 17:15

Ao receber a sugestão de pauta do T7 News para tratar do tema CORRUPÇÃO NA SEGURANÇA PÚBLICA, imaginei como abordar assunto tão delicado sem macular o trabalho dos bravos combatentes, que são maioria, e que se levantam todos os dias para defender a população com o sacrifício da própria vida e com esse sacrifício garantir o futuro de sua família, uma garantia que nem sempre é alcançada, pois muitos tombam no cumprimento do dever.

Para discorrer sobre o tema, fui buscar na minha própria carreira profissional a contextualização histórica dos fatos atuais. Afinal, foram 30 anos de trabalho na linha de frente, conduzindo homens e mulheres abnegados que tinham hora pra entrar e apenas expectativa do horário de sair. Nosso trabalho sempre foi definido pela missão que era definida pelo cumprimento total.

Um tempo em que não se tinha tempo pra outra coisa a não ser trabalhar a serviço da tão desprotegida sociedade paulista. Muito se estranhava quando nos deparávamos com outros policiais que se preocupavam mais com o “bico” do que com o nosso trabalho institucional. Esses maus profissionais eram isolados e vistos como “pm”, ou seja, PESO MORTO!

O tempo passou, novos conceitos, novas ideias e outras formas de ver o mundo. Esse advento de inconsistências produziu danos desestruturantes, principalmente de ordem moral e que fatalmente conduziram a sociedade ou alguns indivíduos para o que Gilles Lipovetsky, filósofo francês, descreve como A ERA DO VAZIO, um momento em que os indivíduos se veem desorientados e mergulhados num vazio de referências estruturantes e mesmo essas referências existindo, não produzem a consistência necessária à sedimentação no caráter de determinados indivíduos.

Assim, fica fácil compreender o motivo das ações perpetradas por marginais travestidos de trabalhadores da segurança pública, que além de bandidos, não passam de covardes, pois não tiveram coragem suficiente para encarar seu mister de BANDOLEIROS e buscaram na carapaça de uma instituição policial o necessário escamoteamento de seus ilícitos.

Na minha vida profissional, sempre orientei meus companheiros para que tomassem cuidado com o policial bandido, pois, esse sim era o pior de todos os marginais. Além de covarde e traiçoeiro, sabia tudo sobre tudo de todos e que nunca exitaria em executar um colega para consecução seus objetivos espúrios.

Os antigos diziam e é bíblico que não se pode servir a dois senhores, pois em um momento de embate amará um e odiará o outro. No caso dos bandidos da segurança pública, o dinheiro será o determinante para definir o lado a seguir. Dormir com o inimigo é um caminho sem volta. Você deixa de ser detentor de vontade livre e consciente. Tal qual um autômato, você passará a fazer o que o seu “patrão” manda e nesse momento o trabalhador da segurança pública rompe com um dos seus principais valores que é a HONRA!

O que esse delinquente não sabe é que a honra não é a sua, pois há muito já a perdeu. A sua vida de CELERADO transferiu para sua família, principalmente para os filhos, essa honra inexistente. Serão os filhos desses marginais que, indevidamente, sentirão os açoites na escola, no clube e nas redes sociais.

A cada dia os noticiários dão conta de novos policiais sendo presos no maior escândalo de corrupção da polícia paulista. A dor maior é saber que mais nomes devem vir à tona, porque de maneira análoga a um câncer em metástase, um policial corrupto nunca está sozinho, existe uma rede de cumplicidade e de apoio a esses facínoras.

A instituição precisa estar atenta, vigilante e diligente para cortar na própria carne como vem brilhantemente fazendo. Não podemos esmorecer. Urge debelar o incêndio no primeiro foco. Como fazer isso? De imediato apurando os sinais exteriores de riqueza do trabalhador da segurança pública incompatíveis com seu parco salário. Outro ponto são medidas extremas de controle interno sobre as atividades paralelas (bico) dos policiais em suas horas de folga.

Bico é proibido? Simmmm!!

Porém, em razão de questões salariais defasadas, defendo que se abandone o quesito LEGALIDADE e se foque no crivo da MORALIDADE. Fazer segurança em um supermercado é ilegal, mas não é imoral. Fazer segurança pessoal para um integrante do crime organizado, mais do que ilegal, é imoral. Punição pedagógica, sem dó, de extremo rigor e de caráter exemplar como forma de desencorajar os postulantes e de valorizar os bons profissionais.

Que a justiça seja CÉLERE, EFICAZ e EFICIENTE para que os versos de Julinho da Adelaide (Chico Buarque) se percam no tempo como meras figuras de retórica... Se é que você me entende.

“Acorda, amor

Eu tive um pesadelo agora

Sonhei que tinha gente lá fora

Batendo no portão, que aflição

Era a dura, numa muito escura viatura

Minha nossa santa criatura

Chame, chame, chame lá

Chame, chame o ladrão, chame o ladrão”

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