Morador relata agressão por parte da GCM em Taubaté: “Eles me batiam e diziam que essa raça tem que acabar”
Vítima afirma que não estava envolvida em briga e foi espancada após abordagem no Jardim Eulália; celular foi levado por guardas
A reportagem do portal T7 News entrevistou o morador que denuncia ter sido agredido por agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) na manhã do sábado, 17, na Rua Antônio Bastos, no Jardim Eulália, em Taubaté. Segundo ele, a abordagem ocorreu enquanto estava com a namorada e uma amiga em uma adega, e não tinha qualquer envolvimento com uma briga que começou do lado de fora do estabelecimento.
De acordo com o relato, as pessoas envolvidas na confusão fugiram com a chegada da GCM. Por não ter participação no tumulto, ele permaneceu no local. “Todo mundo saiu correndo, e eu não saí correndo porque eu não devo nada e eu trabalho”, disse à reportagem.
O morador afirma que foi espancado por agentes, sofreu fraturas no braço em três lugares e teve o celular tomado. A mulher que o acompanhava também teria sido agredida, sofrendo fratura no braço. Segundo ele, sua namorada está grávida.
A vítima contou que tentou escapar da agressão: “Eu que saí correndo porque ele estava batendo muito. Muito. Aí eu consegui ainda correr um pouco. Aí eu me escondi atrás de uma casa. Aí a mulher colocou lá dentro da casa. Depois ela falou: ‘Pra chamar um Uber, pra você ir pro hospital, porque eu estava sendo agredido. Estava todo ensanguentado’.”
Ainda de acordo com o relato, outras pessoas presentes presenciaram a agressão. “Uns gravaram, outros ficaram indignados, querendo bater na viatura da GCM. Só que eles foram, e depois eles desceram pra ir buscar outras pessoas, os que estariam envolvidos na briga.”
Questionado pela reportagem sobre o que os agentes diziam durante a abordagem, o morador relatou: “Eles não falavam nada. Eles só falavam: ‘Que é isso aí tem que acabar, esses desgraçados, essas raças aqui têm que acabar’, e me batiam.
Ele também afirmou que teve o celular tomado pelos guardas. “Eles tomaram meu celular. Até agora eu nem vi meu celular mais”, disse.
Nota da Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Taubaté informou que a GCM foi acionada por volta das 6h45 para atender uma denúncia de perturbação do sossego em um estabelecimento no bairro do Belém, nas proximidades do Velório Municipal. O local é, segundo a administração, alvo frequente de reclamações e já foi cenário de outras ações de fiscalização, inclusive com apreensão de arma de fogo.
Segundo a Prefeitura, os agentes foram hostilizados com o arremesso de objetos. Durante as abordagens, a maioria teria colaborado, mas grupos isolados ofereceram resistência, o que levou ao uso escalonado da força, sem armamento letal. A ocorrência foi registrada e encaminhada ao comando da corporação.
O caso segue em apuração. A identidade oficial das vítimas não foi divulgada e não há confirmação sobre a abertura de sindicância para investigar a conduta dos agentes envolvidos.