A estratégia da Volkswagen é clara: consolidar sua presença no Brasil e na América Latina em um momento em que sua atuação em mercados tradicionais como Europa e China enfrenta desafios. Enquanto o lucro global da montadora despencou 64% no último trimestre de 2024, os números na região seguem positivos, com um crescimento significativo nas vendas. Isso demonstra um reposicionamento da empresa, que enxerga nos mercados emergentes um novo fôlego para manter sua relevância.

A fábrica de Taubaté foi amplamente modernizada para receber a produção do Tera. Foram adicionados 347 novos robôs, avanços em pintura e logística, além da incorporação de tecnologias que tornam o processo produtivo mais eficiente e sustentável. O impacto econômico na região também é notável: foram gerados 260 novos empregos diretos e cerca de 2.600 indiretos.

O Volkswagen Tera é um modelo estratégico, não apenas pelo segmento de SUVs compactos, que segue em alta, mas também pelo potencial de exportação. O carro será vendido em mais de 25 países da América Latina e possivelmente em alguns mercados africanos. Esse movimento reforça a importância do Brasil dentro da estratégia global da Volkswagen, transformando o país em um centro produtor relevante para regiões emergentes.

Contudo, o sucesso do Tera dependerá de fatores além da eficiência da produção. O mercado automotivo latino-americano é cada vez mais competitivo, com a entrada agressiva de marcas chinesas como BYD, Great Wall Motors ou GWM e Chery que oferecem modelos acessíveis e tecnologicamente avançados, os mesmos que tem atraídos uma fatia de consumidores brasileiros, a Chery tem se destacado, especialmente com os modelos Tiggo 5X e Tiggo 7, que impulsionaram suas vendas no mercado nacional; a GWM como destaque, os modelos Haval, contribuindo para o aumento de sua participação no mercado brasileiro. A Volkswagen precisará equilibrar preço, qualidade e tecnologia para garantir que o Tera seja um sucesso de vendas, ainda mais sendo um SUV de entrada da marca, sendo posicionado abaixo do Nivus.

O investimento em Taubaté é uma vitória para a região e para a economia brasileira, mas também representa um grande desafio para a montadora. O Tera pode ser um divisor de águas para a Volkswagen na América Latina e servir como um modelo para futuras estratégias de expansão. A questão agora é: conseguirá a marca repetir o sucesso de modelos icônicos anteriormente produzidos em Taubaté e consolidar sua posição como líder na região? Os próximos capítulos da VW nos trarão a resposta.


Esta é uma coluna Brazil Inside.