O Esquecimento dos Filhos Ilustres de Taubaté: o Caso de Dom Duarte Leopoldo e Silva
Taubateano deixou sua marca não apenas na esfera religiosa, mas também na política e na cultura brasileira
Na vastidão do tempo, algumas figuras ilustres que moldaram os rumos da história são relegadas ao esquecimento, especialmente nas terras que os viram nascer. Este é o caso de Dom Duarte Leopoldo e Silva, um dos filhos mais notáveis de Taubaté, cujo legado é obscurecido pela falta de reconhecimento em sua cidade natal.
Dom Duarte Leopoldo e Silva deixou sua marca não apenas na esfera religiosa, mas também na política e na cultura brasileira. Como primeiro arcebispo de São Paulo, desempenhou um papel fundamental na história da Igreja Católica no Brasil. Além disso, sua atuação na Revolução Constitucionalista de 1932 e na Revolução de 1924 o tornou uma figura importante na luta pelo ideal democrático e pela autonomia do Estado de São Paulo. “São Paulo, entretanto, quer a paz, mas a paz garantida pela Constituição. São Paulo quer a paz, mas a paz que lhe venha, definitivamente consolidada, no gozo pleno de sua dignidade”, assim descreveu Dom Duarte, o sentido da Revolução de 1932.
Seu legado não se limita apenas à esfera política e religiosa. Dom Duarte Leopoldo e Silva também foi um grande historiador, contribuindo significativamente para o conhecimento e preservação da história brasileira. Foi ele quem iniciou as obras da Catedral da Sé, em São Paulo, um dos marcos arquitetônicos mais emblemáticos da cidade, onde hoje repousam seus restos mortais. Além disso, foi o criador do Museu de Arte Sacra de São Paulo, instituição que preserva valiosos tesouros da arte religiosa brasileira.
No entanto, em sua terra natal, Taubaté, a história de Dom Duarte Leopoldo e Silva é praticamente desconhecida e desvalorizada. Poucos são os que reconhecem o papel fundamental que ele desempenhou na construção da identidade paulista e brasileira. É urgente que a cidade reconheça e celebre seus filhos ilustres, como Dom Duarte Leopoldo e Silva, honrando seu legado e inspirando as gerações futuras a seguir seus passos na busca pela excelência e pelo compromisso com o bem comum.
Dom Duarte Leopoldo e Silva, além de ser uma figura proeminente na história religiosa e política brasileira, teve uma jornada de vida marcada por uma série de eventos significativos que moldaram sua vocação e trajetória.
Nascido em 04 de abril de 1867 em Taubaté, realizou seus primeiros estudos na terra natal. Inicialmente, teve o desejo de seguir a carreira de Direito e ingressou no curso preparatório da Faculdade de Direito de São Paulo. Porém, mudou de ideia e optou por cursar Farmácia na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro. No entanto, devido a problemas de saúde, viu-se obrigado a interromper seus estudos e retornar à casa paterna em Caçapava.
Foi durante esse período que manifestou sua vocação sacerdotal. Em 1887, procurou o Seminário Episcopal de São Paulo, onde, apesar de não ter sido bem recebido inicialmente, acabou matriculado. Devido à sua destacada cultura para a época, tornou-se professor no seminário.
Em 30 de outubro de 1892, foi ordenado por Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho na Capela do Seminário Episcopal de São Paulo. “Sua primeira missa foi celebrada em Caçapava.” Após a ordenação, desempenhou o papel de coadjutor em Jaú e posteriormente tornou-se o primeiro pároco de Santa Cecília, em São Paulo. Contribuiu significativamente para a criação das paróquias da Lapa e Água Branca.
Com a criação da Arquidiocese de São Paulo em 1908, Dom Duarte viu seu território eclesiástico reduzido com a criação de várias dioceses. No entanto, sua influência e trabalho incansável não diminuíram. Em 1907, “solicitou à Santa Sé a elevação da igreja de Aparecida ao grau de basílica, concedido pelo Papa Pio X em 1909.”
Em 29 de junho de 1913, lançou a pedra fundamental da nova Catedral da Sé em São Paulo, marcando um marco significativo na história da cidade. Além de suas contribuições como líder religioso, Dom Duarte foi reconhecido como um literato e historiador de grande envergadura, deixando um legado de escritos pastorais, sermões e textos diversos que enriqueceram a cultura brasileira.
Dom Duarte Leopoldo e Silva morreu em São Paulo no dia 13 de novembro de 1938. Havia sido agraciado pela Santa Sé, além das já referidas, com as honras de prelado doméstico, tendo recebido do papa Pio X o solidéu branco “pelos serviços prestados à Igreja”.