O DIA DAS MÃES QUE TAUBATÉ CHOROU!
Magdalena Guisard — A música que virou saudade
Magdalena Guisard — A música que virou saudade
por Dimas Oliveira Junior
Foi num 13 de maio de 1956, um domingo de Dia das Mães, que Taubaté parou. Não apenas pelo luto oficial, mas pela dor profunda que tomou conta dos corações. Magdalena Guisard, musicista brilhante, mãe amorosa, mulher de alma luminosa, partia aos 41 anos, deixando um rastro de silêncio que a cidade jamais esqueceu.
Para seus filhos — Zilia, Dyla, Celso, Edna e Regis — a data jamais seria apenas uma comemoração. Perderam não só a mãe, mas uma amiga, confidente, um exemplo de sensibilidade e arte. Jaurés Guisard, então prefeito de Taubaté, viu-se não só viúvo, mas profundamente tocado pela dor de uma cidade inteira que acompanhava, consternada, o adeus à sua Primeira-Dama.
Mas Magdalena era muito mais do que o papel social que exercia ao lado do marido. Ela era música viva. Era sorriso e beleza, era a chama encantada que brotava do acordeon e do piano. Ninguém, até hoje, tocou com tamanha paixão e precisão. Para ela, a música era religião — e sua fé era feita de notas, harmonias e sentimentos que não cabiam em palavras.
Ainda menina, aos seis anos, encantou a elite paulistana no palco do Theatro Municipal de São Paulo. E seguiu sua trajetória de glória: maestrina da Jazz CTI, contratada da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, compositora de obras como "Perequeteque" e "Êxtase", cuja execução ainda hoje emociona pela perfeição técnica e pela alma que imprime em cada nota.
Magdalena Guisard, maestrina da pioneira orquestra de Taubaté, a JAZZ CTI - anos 40
Ícones da nossa música brasileira, como Ary Barroso e Lamartine Babo, renderam-se ao seu talento inquestionável. Magdalena não era apenas uma intérprete; era uma criadora, uma guia, uma força da natureza que encantava plateias e colegas músicos com a mesma intensidade.
Sua morte foi um ciclone. Uma ventania de tristeza varreu Taubaté naquela tarde de maio. O enterro, acompanhado por uma multidão em luto reverente, selava uma ausência que o tempo jamais conseguiu preencher.
Foi assim que nasceu minha paixão pela sua história. O dia em que ouvi seus discos pela primeira vez, percebi que Magdalena havia tocado em mim. Seu amor pela arte, sua entrega, sua doçura e coragem — tudo isso pulsa em suas melodias. Hoje, com orgulho e reverência, seu nome batiza o Ponto de Cultura Magdalena Guisard, que mantém viva sua memória e seu legado através da arte e da educação.
Família Guisard em 1955: Dyla, Celso, Régis, Edna e Zylia, ao lado dos pais: Magdalena e Jaurés .
Já se passaram 69 anos desde sua partida precoce. E neste Dia das Mães, a lembrança de Magdalena ressurge — não como ausência, mas como música que continua a tocar, suave e intensa, na alma de Taubaté.