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Mazzaropi: O Gênio Visionário do Cinema Brasileiro

Cineasta completaria 112 anos em 9 de abril

Dimas Oliveira Junior | Data: 10/04/2024 10:17

Muito mais do que um simples personagem, Amácio Mazzaropi deveria ser reverenciado como um verdadeiro ícone do cinema nacional, um gênio visionário cujo legado transcende as telas. Chegando em Taubaté no distante ano de 1958, quando a cidade mal ultrapassava os 70.000 habitantes, Mazzaropi estabeleceu-se na zona rural e criou uma verdadeira Hollywood brasileira com os estúdios da PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi).

Eu sempre o classifiquei como o "Charles Chaplin brasileiro", não apenas por sua brilhante atuação como artista, mas também por sua genialidade como empreendedor cinematográfico. Com a criação dos estúdios em Taubaté, muito antes da existência de leis de incentivo e editais governamentais para o cinema, Mazzaropi foi um verdadeiro precursor da economia criativa no Brasil. Naquela época, os filmes se pagavam na bilheteria e era tudo uma questão de paixão e determinação.

Esse gênio do cinema nacional produziu nada menos que 30 filmes na "TaubaWood" da época, dando visibilidade não apenas para Taubaté, mas também para todo o Vale do Paraíba como um polo cinematográfico de destaque. Grandes estrelas nacionais como Agnaldo Rayol, Lanna Bittencourt, Gilda Valença, Angela Maria e até mesmo os taubateanos Tony e Celly Campello e Hebe Camargo circulavam pelos estúdios de Mazzaropi, participando de suas produções que impulsionaram as carreiras de muitos artistas iniciantes.

Quem viveu essa fase de ouro do cinema nacional lembra-se com saudades e tristeza por tudo ter acabado. No entanto, graças à iniciativa privada e ao maravilhoso Museu Mazzaropi, localizado no mesmo local onde funcionavam os estúdios, a memória do "Cineasta das Platéias" é preservada de forma impecável. O museu, que atrai inúmeros visitantes anualmente, é um verdadeiro tesouro que mantém viva a herança artística de nosso gênio do cinema.

Quando eu era adolescente, visitei várias vezes os estúdios de Mazzaropi para assistir às filmagens. Em uma dessas ocasiões, tive o privilégio de beijar sua mão, pois para um jovem como eu, Mazzaropi era mais do que um ídolo, era um verdadeiro semideus. Sua influência foi fundamental para minha escolha profissional, e hoje, com o apoio de grandes artistas como os saudosos Paulo Gustavo e Aldir Blanc, sigo minha carreira com amor, carinho e devoção.

Neste aniversário de Mazzaropi, expresso minha admiração por esse grande empreendedor do cinema brasileiro. Ele foi muito mais do que um personagem que criou, foi um verdadeiro visionário que desafiou o tempo e continua a inspirar gerações de artistas. 

Ser artista vai muito além do glamour e da busca por seguidores em redes sociais. Ser artista é um estado de alma, uma devoção profunda, um amor incondicional pela arte e uma entrega total ao ofício. É sobre cultivar e expressar o talento de forma genuína e autêntica, sem se preocupar com as superficialidades do mundo moderno.

Nos dias de hoje, é comum vermos uma ênfase excessiva no aspecto comercial da arte, onde o sucesso é medido pelo número de likes e seguidores nas redes sociais. No entanto, essa pataquada toda não reflete verdadeiramente o que significa ser artista. Ser artista é mergulhar nas profundezas da alma, explorar os limites da criatividade e transmitir emoções de forma poderosa e impactante.

É preciso lembrar que o verdadeiro talento não se mede pelo número de visualizações ou pela popularidade nas redes sociais, mas sim pela habilidade de tocar o coração das pessoas, de provocar reflexões, de despertar sentimentos e de deixar um legado duradouro na história da humanidade. Assim foi nosso “Mazza”!

Portanto, celebremos não apenas os artistas que conquistam fama e reconhecimento público, mas também aqueles que, mesmo nas sombras, dedicam suas vidas à arte com paixão, devoção e autenticidade. E que possamos nos inspirar neles para valorizar o verdadeiro significado de ser artista: uma jornada de entrega, amor e talento que transcende todas as barreiras e desafia o tempo.

Salve Mazzaropi, o eterno gênio do cinema nacional!


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