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Entre Lobato e a Cultura: reflexões sobre os 'Falsos Profetas' na Terra da Imaginação

É hora de separar o joio do trigo, de discernir entre os verdadeiros defensores da cultura e aqueles que apenas ostentam falsos adornos de intelectualidade

Dimas Oliveira Junior | Data: 22/04/2024 10:00

A atualidade nos coloca diante de um cenário que parece um déjà vu histórico. Séculos atrás, o termo "Falsos Profetas" ecoava em meio às turbulências sociais e políticas. Agora, como em um ciclo interminável, nos deparamos com uma realidade atualíssima: a proliferação de indivíduos ávidos pelo poder e pelo dinheiro fácil, sem qualquer competência para tal.

Neste ano, onde a política parece dominar a essência de tantos, observamos uma corrida desenfreada por favores e cargos, alimentada pela febre do poder. Mas, convenhamos, já não nos impressionam pela cara de pau? Todos se autoproclamam detentores da verdade e mestres da competência, quando, na verdade, são apenas artífices de articulações desastrosas e amadoras.

A cultura, por sua vez, não escapa a essa epidemia de falsos profetas. Cada indivíduo se vê como a encarnação da excelência em conhecimento, mas basta pedir que realizem seu trabalho sem remuneração para que corram em sentido oposto, esquecendo-se até mesmo de quem são.

É uma vergonha testemunharmos tantos absurdos já nesse ponto da história. O vírus da desonestidade e da incompetência se infiltra de forma vergonhosa em diversos setores, minando a transparência e a verdade. Diante disso, é preciso mais do que nunca permanecer vigilantes e críticos, questionando e exigindo a verdade e a competência de nossos líderes e representantes.

Porque, afinal, a história se repete, mas só temos a chance de mudá-la se estivermos dispostos a enxergar através das máscaras dos falsos profetas.

Em Taubaté, uma das mais ricas terras culturais do estado de São Paulo, assistimos a uma transformação gradual de sua cena cultural desde o pós-II Guerra Mundial, um período marcado por devastação e reconstrução. Contudo, olhamos pesarosos para o que ainda está por vir nessas terras tão marcadas pela presença de Monteiro Lobato.

O conhecimento abrangente sobre o vasto leque cultural, em todas as suas nuances, é um privilégio reservado a poucos, muito poucos. A maioria dos "falsos profetas" sequer se aventura além da página 2 de qualquer cartilha cultural. No entanto, alimentados pela vaidade e pela superficialidade, muitos se autoproclamam doutores da "causa cultural".

Mas, será que compreendem verdadeiramente a importância de "fazer cultura"? Quando digo cultura, não me refiro apenas a eventos passageiros e superficiais. Refiro-me a um compromisso genuíno com a preservação, promoção e produção de manifestações culturais que enriquecem nossa sociedade e fortalecem nossa identidade.

É hora de separar o joio do trigo, de discernir entre os verdadeiros defensores da cultura e aqueles que apenas ostentam falsos adornos de intelectualidade. Pois, afinal, a cultura não é apenas uma mercadoria a ser explorada, mas sim um tesouro a ser protegido e compartilhado com todos.

Num cenário político marcado por polarizações e estagnações, é fundamental relembrar o verdadeiro significado da cultura. Ela transcende fronteiras e barreiras, expandindo nossos horizontes e enriquecendo nossas vidas de maneiras inimagináveis. Cultura não deve ser encarada como algo estático, limitado a determinados grupos ou ideologias. Pelo contrário, é um elemento dinâmico e transformador, capaz de impulsionar o progresso de uma sociedade.

É através da cultura que nos conectamos com nossa história, nossas tradições e nossas raízes. É também por meio dela que somos capazes de compreender e apreciar a diversidade que nos cerca, celebrando as múltiplas formas de expressão humana. Portanto, limitar ou restringir a cultura é um retrocesso, um ato que aprisiona o potencial criativo e inovador de uma nação.

Para avançarmos verdadeiramente como sociedade, é preciso olhar para a cultura de forma aberta e inclusiva. É necessário investir em educação artística, promover o acesso à arte e à cultura em todas as suas formas, e valorizar os artistas e criadores que enriquecem nosso mundo com suas contribuições. Somente assim poderemos construir um futuro verdadeiramente próspero e inspirador, onde a cultura seja uma força motriz para o desenvolvimento humano e social.

“Taubateano, abra os olhos e não se deixe enganar, lute pela sua cultura.”

Taubateano, diante dos desafios e incertezas que enfrentamos, é essencial que não percamos de vista o valor da nossa cultura. Não permita que interesses mesquinhos e agendas políticas distorçam nossa percepção do que é verdadeiramente importante. É hora de unirmos forças e defendermos com afinco aquilo que nos define como povo.

Não se deixe enganar por discursos vazios ou promessas ilusórias. Lembre-se de que a verdadeira riqueza de uma comunidade reside em sua cultura, em suas tradições e em sua capacidade de inovação. Portanto, levante-se em defesa da nossa herança cultural, seja voz ativa na promoção da arte e da criatividade em nossa cidade.

É somente através do comprometimento de cada um de nós que poderemos preservar e fortalecer a nossa identidade cultural. Portanto, Taubateano, abra os olhos e não se deixe enganar. Lute pela sua cultura, pois é ela que nos conecta com nosso passado, molda nosso presente e nos inspira a construir um futuro melhor.

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