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"Deficiência Cultural: A Carência que Retarda o Progresso de uma Cidade"

Dimas Oliveira é cineasta e pesquisador da história artística brasileira e em especial da história taubateana

Dimas Oliveira Junior | Data: 25/08/2023 21:54

Não há escapatória: a carência cultural é um fardo que algumas mentes insistem em carregar, uma deficiência que tem retardado o avanço de nossas cidades de maneira mais dramática do que se poderia imaginar. Antes que os céticos protestem, a falta de cultura não é um mito ou uma mera teoria abstrata; é uma realidade crua e incômoda que se manifesta nas atitudes e na gestão de muitas localidades.

É desconcertante constatar que existem indivíduos que equiparam a administração de uma cidade ao simples ato de cuidar de um veículo. Uma cidade é uma entidade viva, que precisa ser compreendida, nutrida e guiada com sensibilidade. Essa compreensão não pode ser superficial, como a tinta de um carro reluzente, mas profunda como as raízes de uma árvore que sustentam sua existência.

O conhecimento é a base de uma gestão eficaz, e é aqui que a carência cultural se revela de maneira mais impactante. A falta de conhecimento leva a decisões precipitadas e desconexas, prejudicando o progresso e a emancipação de uma cidade em todas as suas esferas. A tão mencionada "política cultural do diz-que me-disse" é um testemunho triste dessa deficiência, um labirinto de rumores que obscurece a visão clara do caminho a seguir.

Observamos, perplexos, um comportamento que pertence ao século XIX sendo reencenado em pleno século XXI. Os autoproclamados "amigos do rei" emergem como personagens de uma trágica comédia, uma farsa onde seus egos se alimentam das frágeis estruturas que deveriam sustentar o crescimento da cidade. Suas intervenções, repletas de fala vazia e impulsos desprovidos de substância, lembram um espetáculo teatral de baixa qualidade, uma atuação sem talento que deixa claro o vácuo cultural subjacente.

Essa situação, no entanto, não é apenas um desfile de personagens lamentáveis; é a manifestação de uma carência profunda e perturbadora de cultura. A cultura não se limita às artes ou à música, mas abrange a capacidade de discernir, aprender e aplicar o conhecimento de maneira significativa. A falta de cultura gera um vácuo que é preenchido por discórdia, pela disseminação de ideias ocas e pela manipulação de massas vulneráveis.

Portanto, é chegada a hora de reconhecer essa deficiência cultural como um obstáculo real ao progresso de nossa cidade. É necessário buscar uma gestão baseada no conhecimento sólido, na compreensão genuína das necessidades e no compromisso com o desenvolvimento holístico. A verdadeira cultura não apenas enriquece a vida individual, mas também serve como o alicerce sobre o qual uma cidade próspera é construída. Sem esse alicerce, estamos condenados a assistir a um espetáculo repetitivo de inépcia e atraso."

E na sombria encruzilhada da ignorância e da teimosia, testemunhamos uma visão ainda mais desoladora: a cidade transformada em um vale de zumbis. São os velhos defuntos do pensamento, aqueles que se recusam a evoluir, que insistem em vagar pelos corredores do tempo como zumbis ocos e sem vida.

Esses zumbis culturais são uma força implacável, arrastando consigo uma atmosfera de estagnação e desesperança. Incapazes de absorver novas ideias ou de se adaptar às demandas do presente, eles perpetuam padrões ultrapassados e alimentam um ciclo vicioso de inércia. A cidade, outrora vibrante e cheia de promessas, se torna um território sombrio onde o progresso é sufocado e as oportunidades se evaporam.

Esses zumbis ocos não apenas consomem os recursos valiosos da cidade, mas também minam a moral daqueles que buscam uma transformação positiva. Com sua presença arrastada, arrastam os ânimos para o abismo da complacência e da desilusão. E assim, a cidade encontra-se encurralada entre o anseio por crescimento e a resistência irracional à mudança, criando um cenário de tensão constante.

A imagem do vale de zumbis não é apenas uma metáfora, mas uma representação dolorosamente real da situação. As ruas estão repletas de indivíduos que perderam a vitalidade do pensamento, cujas mentes vagueiam em um estado perpétuo de letargia intelectual. O medo da mudança e a recusa em abraçar novas perspectivas os transformaram em meros espectros daquilo que um dia foram.

No entanto, mesmo nesse cenário de desolação, há uma faísca de esperança. A cidade não está condenada a permanecer presa nesse vale de zumbis para sempre. Assim como em histórias de ressurgimento e renovação, há a possibilidade de despertar os espíritos adormecidos, de revigorar as mentes entorpecidas e de trazer uma nova aurora de progresso.

Isso requer coragem e determinação daqueles que ainda acreditam na cidade, que estão dispostos a enfrentar os zumbis culturais com a luz do conhecimento e da visão clara. É um desafio árduo, mas a recompensa é imensa: uma cidade revitalizada, onde a cultura do pensamento crítico e da inovação floresce, onde os zumbis ocos são substituídos por cidadãos ativos e engajados.

Portanto, que esta seja uma chamada para a ação, um convite para romper com o ciclo vicioso e trazer um fim ao reinado sombrio dos zumbis culturais. A cidade merece mais do que ser um mero vale de lamentações, e é nossa responsabilidade coletiva desafiar as sombras do passado e moldar um futuro vibrante e próspero.


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