Na última quinta-feira, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Ubatuba abriu as cortinas do Teatro Municipal Pedro Paulo Teixeira para um evento crucial: a exposição de mais uma etapa do ambicioso Plano Municipal de Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima (PMAR). Este plano, em processo de construção, promete revolucionar a gestão ambiental da cidade e fortalecer sua capacidade de enfrentar os desafios impostos pelas transformações climáticas.

Diante de uma plateia composta por importantes representantes e especialistas federais e estaduais em meio ambiente, bem como membros da equipe Alemã para o Desenvolvimento Sustentável - GIZ, a Secretaria apresentou as diretrizes e objetivos do PMAR. Esta iniciativa não apenas visa prever cenários futuros, mas também delineia medidas concretas para orientar o planejamento e as decisões dos gestores municipais diante das mudanças climáticas.

Ubatuba foi selecionada como uma das 10 cidades piloto para este projeto, destinado a preparar os centros urbanos para os desafios ambientais emergentes. Com um enfoque especial em ações prioritárias e medidas de adaptação baseadas em ecossistemas, o PMAR busca mitigar os riscos identificados, tais como o aumento da frequência de dias extremamente quentes, enchentes, alagamentos, deslizamentos de encostas e erosão costeira.

Para enfrentar esses desafios, o plano estabelece uma série de objetivos claros, incluindo a minimização dos efeitos do aumento da temperatura, o reforço da segurança hídrica e a redução dos impactos de eventos climáticos extremos.

Guilherme Adolpho, Secretário de Meio Ambiente de Ubatuba, enfatizou a importância do PMAR como uma ferramenta de políticas públicas fundamentada em diagnósticos precisos, que visa orientar a cidade diante das mudanças em curso. "Ao considerar esses diversos fatores, o plano permite estabelecer metas e objetivos para corrigir e prevenir vulnerabilidades, tornando-se assim uma ferramenta complementar ao plano diretor e um meio de fortalecer a abordagem climática", destacou Adolpho.

O plano, com suas 31 medidas delineadas, abrange desde a criação e aprovação de planos preventivos municipais da Defesa Civil para inundação, alagamento e contingência até a implementação de sistemas de tratamento de água potável em áreas vulneráveis. Além disso, propõe políticas públicas voltadas para a preservação ambiental e a geração de emprego como estratégias essenciais.

A próxima etapa do desenvolvimento do PMAR envolverá a realização de oficinas em territórios tradicionais e outras atividades que engajem a sociedade civil, conforme ressaltado pelo Secretário de Meio Ambiente.

Combatendo a Erosão Costeira

Durante o dia, a Secretaria de Meio Ambiente acompanhou membros do Programa de Cooperação Técnica da Alemanha no Brasil, sob a égide da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), em uma visita a um dos locais mais afetados pela erosão costeira: a praia da Barra Seca.

A excursão foi liderada pela Doutora e Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) da SEMIL - Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Celia Regina de Gouveia Souza, cujo trabalho sobre esses fenômenos remonta a 1992.

De acordo com a Dra. Souza, as mudanças climáticas globais estão elevando o nível do mar e intensificando eventos meteorológicos extremos, contribuindo para o encolhimento da faixa de areia na praia da Barra Seca.

"Os eventos extremos que temos testemunhado - chuvas intensas, ressacas e urbanização - são apenas alguns dos fatores que impulsionaram essa mudança. É imperativo começarmos a proteger nossa praia, cuja principal função é justamente defender o continente e as pessoas contra a invasão do mar", concluiu a Dra. Souza.

A visita à Barra Seca não apenas evidenciou a urgência da ação, mas também destacou a importância da cooperação internacional e do compromisso local na busca por soluções sustentáveis diante dos desafios ambientais.