Diário

Primeira adoção de adolescente avança em Taubaté

Mais de 5 mil crianças aguardam por uma família no Brasil, enquanto mais de 30 mil famílias estão habilitadas para adotar

Da redação | Data: 28/05/2025 15:31

Taubaté registra um marco importante: tramita na cidade o primeiro processo formal de adoção de um adolescente. O caso representa um avanço diante dos desafios impostos ao acolhimento de jovens com mais idade, que, em regra, possuem menos chances de serem adotados.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 2024, embora mais de 66% dos menores de idade na fila de adoção no Brasil sejam adolescentes, entre 12 e 18 anos, apenas 5% das famílias habilitadas manifestam interesse em adotar nessa faixa etária. Atualmente, o Brasil conta com mais de 30 mil famílias habilitadas para adotar, mas mais de 5 mil crianças e adolescentes ainda esperam por uma nova oportunidade de vida.

Em Taubaté, o Núcleo de Acolhimento ao Adolescente, da Secretaria de Desenvolvimento e Inclusão Social, passou a adotar novas estratégias para que jovens sem perspectiva de retorno à família biológica possam encontrar segurança e dignidade em lares adotivos.

O caso que marca esse avanço envolve uma jovem de 16 anos, acolhida pelo Serviço de Acolhimento Institucional de Criança e Adolescente (SAICA) do município desde 2017, em razão de múltiplas vulnerabilidades sociais e graves violações de direitos sofridas sob os cuidados da família biológica. Após esgotadas as tentativas de reintegração familiar, ela foi inscrita no Sistema Nacional de Adoção (SNA).

Durante a infância, a adolescente enfrentou três tentativas frustradas de aproximação com famílias pretendentes. Com a chegada da adolescência, as chances diminuíram ainda mais, conforme apontam os dados estatísticos. No entanto, a jovem permaneceu determinada, insistindo junto aos órgãos municipais para encontrar uma família adotiva.

Com apoio das equipes do Núcleo de Acolhimento ao Adolescente e do Tribunal de Justiça de São Paulo, ela foi inscrita no projeto “Adote um Boa Noite”, do Ministério Público, que busca dar visibilidade a adolescentes acolhidos à espera de adoção. A iniciativa surtiu efeito: ao menos sete famílias demonstraram interesse após conhecerem fotos, vídeos e cartas da jovem.

Após entrevistas com os técnicos do Judiciário, a adolescente escolheu uma família, composta por um casal e uma filha da mesma idade, para iniciar os primeiros contatos. No final de fevereiro, ela embarcou para o Rio Grande do Sul, onde iniciou o Estágio de Convivência com sua nova família.

Quase três meses depois, a adolescente mantém contato com os profissionais e amigos do Núcleo de Acolhimento de Taubaté, compartilhando sua alegria e as experiências com a nova família. O processo judicial e o acompanhamento socioassistencial seguem sob responsabilidade da rede pública do Rio Grande do Sul.

Para as equipes de Taubaté, resta a torcida pelo desfecho positivo do processo, com a certeza de que a adoção de adolescentes é possível e transforma vidas.


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