Durante patrulhamento na Rua do Forno, no bairro Maresias, em São Sebastião, policiais militares do 20º Batalhão prenderam um homem que estava foragido do sistema prisional. Ele é condenado a 23 anos de prisão pelo crime de roubo e, segundo afirmou aos agentes, exercia a função de “disciplina” da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na região da Costa Sul do município.

A abordagem ocorreu após o suspeito tentar fugir ao perceber a aproximação da viatura. Nada de ilícito foi encontrado com ele, mas, após inconsistências nos dados informados, os policiais utilizaram o aplicativo “Muralha Paulista” e confirmaram sua verdadeira identidade, constatando o mandado de prisão em aberto.

Ainda durante a ocorrência, o preso declarou aos policiais que integrava o PCC e que atuava como disciplina — função responsável por garantir o cumprimento das normas internas da facção e organizar julgamentos do chamado “tribunal do crime”.

O homem foi levado ao 2º Distrito Policial de Boiçucanga, onde a prisão foi formalizada. Ele permanece à disposição da Justiça.

Entenda o que é um “disciplina” do PCC

A figura do disciplina surgiu no início dos anos 2000 como uma espécie de “corregedor” das ações internas do PCC, função criada por Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como principal liderança da facção. Os disciplinadores organizam os julgamentos internos — os chamados “tribunais do crime” — e têm poder para aplicar punições severas a membros ou até a moradores de comunidades que descumpram as regras impostas pela facção.

Os réus nesses julgamentos são intimados verbalmente ou por mensagens, podem apresentar testemunhas e se defender, mas há registros de tortura e imposição de sentenças com base em confissões forçadas. A pena de morte é a mais comum entre as decisões desses tribunais paralelos.