Governo de SP e Justiça firmam parceria para monitorar presos que violam a saída temporária
A medida permite que policiais militares ou penais enviem ao Poder Judiciário, de forma digital, boletins ou relatórios de detentos beneficiados com a saída temporária que forem flagrados descumprindo as regras impostas
Uma parceria entre as Secretarias da Segurança Pública (SSP), da Administração Penitenciária (SAP) e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) permite que policiais militares ou penais enviem ao Poder Judiciário, de forma digital, boletins ou relatórios de detentos beneficiados com a saída temporária que forem flagrados descumprindo as regras impostas para manter o direito.
Durante a última saída temporária, que começou na
terça-feira (17) e terminou na segunda-feira (23), 1.043 presos beneficiados
foram flagrados descumprindo as medidas no Estado de São Paulo. Em todos os
casos, as forças de segurança registraram o fato e notificaram o Poder
Judiciário sobre a violação das regras.
A comunicação é realizada após a Polícia Militar abordar uma
pessoa que estava violando as regras da “saidinha”. A equipe realiza o registro
eletrônico no Terminal Portátil de Dados (TPD), avisa o beneficiado sobre o
descumprimento e o libera. O documento é encaminhado em tempo real para o
TJ-SP. A SAP é responsável por monitorar os detidos que foram soltos com
tornozeleira eletrônica.
Em posse dos ofícios gerados pelas fiscalizações, os
magistrados do TJ-SP têm até 24 horas para analisar a situação do detento e
decidir sobre a manutenção ou não do benefício.
“A reincidência criminal é um dos maiores desafios da
segurança pública. É por isso que implementamos avanços significativos nesse
tipo de monitoramento para fortalecer o controle e garantir o cumprimento das
medidas judiciais. Ações como essas são cruciais para combater a impunidade e a
reincidência, melhorando a segurança pública para toda a população”, disse o
secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Resultados do projeto
Desde a última terça-feira (17), a Justiça paulista revogou
o benefício de 344 presos e determinou a recaptura após a análise dos ofícios,
o que representa 33% dos pedidos elaborados. Desse total, 137 detentos foram
recapturados pela PM. Os demais que não foram localizados são considerados
foragidos.
Segundo o tenente-coronel Rodrigo Vilardi, coordenador do
Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e responsável pela supervisão do
projeto, a iniciativa é “mais uma forma inovadora que o Governo de São Paulo e
o Tribunal de Justiça encontraram para acabar com a impunidade de detentos que
se aproveitam da saída temporária apenas para baderna e até para cometer novos
crimes”.
O coordenador do CICC também avaliou que o projeto é inédito
no país e tem ajudado a diminuir a sensação de impunidade e melhorar a
segurança da população. “Todos os boletins de ocorrência e relatórios feitos
pelos policiais serão analisados pela Justiça, que vai avaliar se aquele preso
que violou as medidas vai regredir do regime semiaberto para o fechado”,
acrescentou.
Quais são as regras para o preso obter o benefício da
“saidinha”?
Mais de 30,2 mil detentos foram beneficiados com a
“saidinha” na última semana em São Paulo. Para ter direito à medida, a Justiça
proíbe que o beneficiado pela medida frequente bares, use drogas ou envolva-se
em brigas. Além disso, ele deve permanecer na área permitida pelo Judiciário e
não pode ficar na rua no período noturno, além de outras restrições.