Diário

Delinho, operador financeiro do PCC, é preso após erro em carta; investigações apontam tentativa de infiltração da facção na política de Ubatuba

Assinatura em bilhete revela identidade de operador internacional da facção, ligado a esquema bilionário e plano político em cidades paulistas

Da redação | Data: 13/05/2025 16:40

Um erro em uma carta revelou o paradeiro de Everton de Brito Nemésio, conhecido como Delinho, considerado um dos operadores mais discretos do Primeiro Comando da Capital (PCC) fora do Brasil. Ele foi preso na noite de domingo, 11 de maio, em Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai, após investigação da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Mogi das Cruzes (SP).

Delinho era apontado como o intermediário de cartas entre lideranças da facção — um “pombo-correio” do crime. Ele usava cartões de memória ativados fora do país e documentos falsos para manter sua identidade em sigilo. No entanto, acabou se expondo ao assinar seu nome em uma mensagem enviada à esposa de um dos chefes do PCC: “Meu nome é: Everton Nemésio”. O bilhete foi interceptado pela polícia e confirmou sua identidade.

Segundo os investigadores, Delinho mantinha contato direto com Fabiana Manzini, esposa de Anderson Manzini, o Gordo, que disputa espaço dentro da facção e é alvo de rivais ligados ao líder histórico Marcola.

Esquema bilionário e plano político

O nome de Everton também aparece em conversas com João Gabriel Yamawaki, primo de Anderson e apontado como operador financeiro de um “banco digital do crime”. A polícia afirma que o grupo lavou ao menos R\$ 8 bilhões por meio de empresas de fachada. O esquema também previa o financiamento de campanhas eleitorais com o objetivo de infiltrar aliados da facção em câmaras municipais.

Em Ubatuba, as mensagens interceptadas pela polícia indicam que Yamawaki, um dos líderes do núcleo financeiro do PCC, tentou promover a candidatura de uma irmã a vereadora. O objetivo, segundo as investigações, era infiltrar a facção na administração pública local por meio de contratos e licitações, favorecendo os interesses do crime organizado.


Ubatuba se tornou um alvo estratégico para o PCC devido à sua localização geográfica, próxima ao Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, e ao aumento da fiscalização policial no Porto de Santos.

“O PCC tem demonstrado interesse em se infiltrar em Ubatuba. Com maior presença da polícia no porto de Santos, o crime organizado tem migrado suas atividades para São Sebastião, dada a proximidade com o Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, e pelo fato de ter aeroporto próprio”, afirmou o delegado Fabrício Intelizano, da Polícia Civil de Mogi das Cruzes.

As investigações continuam e o foco da polícia agora é mapear os nomes dos candidatos que, direta ou indiretamente, teriam recebido apoio do PCC nas eleições municipais anteriores ou que possam disputar cargos nas eleições deste ano.

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