Com quase 1.500 registros, casos de virose assustam no Litoral Norte
Só em Ubatuba são 1.300 casos registrados que trazem preocupação para quem passa as férias no litoral
Um surto de viroses vem assustando quem quer passar as férias de verão com os pés na areia das praias do Litoral Norte de São Paulo. A Secretaria de Saúde do Estado informa que viroses gastrointestinais são infecções que afetam o sistema digestivo, geralmente causadas por vírus. Essas doenças são altamente contagiosas e se espalham por contato com alimentos, água ou superfícies contaminadas, além do contato direto com pessoas infectadas. Os sintomas mais comuns incluem diarreia, náuseas, vômitos, dores abdominais, febre e mal-estar.
Em Caraguatatuba, foram registrados 170 casos nos três primeiros dias do ano, segundo a Prefeitura. O aumento nos atendimentos já chama atenção das autoridades. Para conter o avanço das viroses, o município informou que intensificou ações de conscientização sobre prevenção, reforçou a fiscalização de ambulantes e também tomou medidas na área de saneamento.
Em Ubatuba, a situação não é diferente. Desde o dia 15 de dezembro, o município já registrou 1.302 casos. Em apenas uma semana, de 29 de dezembro a 4 de janeiro, foram 840. Segundo o Executivo, pessoas acima dos 15 anos de idade foram as mais acometidas pelas viroses, que vêm aumentando nas últimas semanas, mas com números “ainda dentro do esperado para o período, devido à expressiva quantidade de visitantes”.
O comerciante André Timóteo, de 36 anos, foi um dos turistas afetados pela virose. Ele viajou com um grupo de onze pessoas no dia 23 de dezembro para passar dez dias em Ubatuba, mas os sintomas começaram a aparecer em todos logo nos primeiros dias. “Vômito, diarreia e muita dor no estômago. No segundo dia, eu já fiquei ruim e fui ao hospital, mas, como estava lotado de casos iguais, nem fiquei. Até a farmácia estava cheia,” relatou.
De acordo com Timóteo, o problema pode ter começado na praia do Lázaro, onde observou “água escura e com esgoto” e que estava sinalizada como imprópria para banho. Ele também suspeita que a virose foi causada por alimentos de um quiosque na Ilha do Prumirim. “Ao ir pagar a conta, vi gatos e cachorros dentro da barraca, e eles me informaram que não tinha onde lavar as mãos, que lavavam em um balde. O banheiro usado era o fundo do quiosque. Tentamos denunciar e nenhum telefone atendeu”, criticou.
A Prefeitura de Ubatuba afirmou que está monitorando os casos semanalmente e investindo em saneamento básico em parceria com o Governo do Estado. “Intensificamos nos últimos anos diversas ações que priorizam o aumento do tratamento de esgoto na cidade, com obras que expandiram o saneamento básico por todo o município. Houve um avanço significativo no percentual de esgoto tratado em Ubatuba, saindo de 27% em 2021 para cerca de 70% em 2024, em colaboração com a Sabesp.”, declarou.
PREVENÇÃO
A qualidade da água do mar também deve ser considerada pelos banhistas, segundo o Governo do Estado. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) recomenda evitar praias classificadas como impróprias ou nas 24 horas seguintes a chuvas. Conforme a última atualização, 16 das 82 praias do Litoral Norte não estão aptas para banho. Os boletins de balneabilidade estão disponíveis no site da Cetesb, o arcgis.cetesb.sp.gov.br.
Para prevenir as viroses, principalmente durante os dias quentes, especialistas recomendam lavar bem as mãos antes das refeições e após usar o banheiro, não consumir alimentos mal cozidos, preferir água filtrada e evitar o consumo de gelo ou comida de procedência desconhecida. É fundamental ainda observar as condições de higiene de lanchonetes e quiosques e entrar no mar apenas em praias que estão próprias para banho.
TRATAMENTO
Quanto ao tratamento, a principal medida é a hidratação, que pode ser oral ou endovenosa em casos mais graves, segundo a secretaria da Saúde do Estado. “Evacuações muito frequentes e líquidas, dificuldade na hidratação com vômitos que não cedem, pele e boca secas, dificuldade em urinar são indicações de que se deve procurar o serviço de saúde”, explicou o órgão.