Nos últimos dois dias, o Brasil foi responsável por 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre quarta-feira, 11, e sexta-feira, 13, foram registrados 7.322 focos de incêndio no país. 

A Bolívia, com 1.137 focos (11,2%), o Peru, com 842 (8,3%), a Argentina, com 433 (4,3%), e o Paraguai, com 271 (2,7%) completam a lista.

O acumulado do ano até ontem indica que o Brasil contabiliza 180.137 focos de incêndio, o equivalente a 50,6% dos registros na América do Sul. Esse número é 108% maior em comparação com o mesmo período de 2023, quando foram detectados 86.256 focos entre janeiro e 13 de setembro.

Entre os estados brasileiros mais afetados, Mato Grosso lidera, com 1.379 registros nos últimos dois dias, seguido por Amazonas (1.205), Pará (1.001) e Acre (513). O município de Cáceres (MT) teve o maior número de queimadas no período, com 237 focos, seguido por Novo Aripuanã (AM), com 204, e São Félix do Xingu (PA), com 187.

A Amazônia é a região mais impactada, concentrando 49% das queimadas nos últimos dois dias. Outras áreas atingidas incluem o Cerrado (30,5%), a Mata Atlântica (13,2%), o Pantanal (5,4%) e a Caatinga (1,9%).

Incêndios suspeitos de serem coordenados

A Polícia Federal investiga a possibilidade de ações coordenadas em parte dos incêndios florestais. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, também já levantou a hipótese de que parte dessas queimadas seja resultado de ações humanas. Ele determinou medidas para enfrentar os incêndios na Amazônia e no Pantanal, regiões onde o uso do fogo para práticas agrícolas está proibido e pode resultar em pena de dois a quatro anos de prisão.

A seca prolongada, agravada pelas mudanças climáticas, tem contribuído para a propagação dos incêndios no Brasil. Em 2024, 58% do território nacional está sob influência de secas, com cerca de um terço do país enfrentando condições de seca severa.

Prisões

A Polícia Civil prendeu 21 pessoas por causarem incêndios em áreas de vegetação no estado de São Paulo desde o primeiro registro de prisão, em 21 de agosto deste ano, de acordo com dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta sexta-feira, 13 de setembro. Todos os detidos são homens. A prisão mais recente ocorreu na quinta-feira, 12, em Cunha, quando um homem de 40 anos foi preso em flagrante pela Polícia Militar após incendiar sua própria propriedade.

Impactos na saúde e qualidade do ar

Além dos danos ambientais, o aumento das queimadas tem pressionado o sistema de saúde, com crianças e idosos sendo os mais afetados por problemas respiratórios. Diversas cidades foram cobertas por nuvens de fumaça, piorando a qualidade do ar. As autoridades recomendam que a população dessas regiões evite a exposição ao ar livre e a prática de atividades físicas.