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Sudão. A guerra ignorada.

A crise no país africano é classificada com uma das mais graves em vários aspectos. Entidades humanitárias alertam que o país vem sendo deixado à sua própria sorte.

Felipe Mazzuia | Data: 18/02/2025 17:48

Infelizmente, é bastante comum a desatenção ocidental em relação aos problemas e conflitos do continente africano. Os europeus deveriam ser mais diligentes na ajuda ao continente, uma vez que eles iniciaram muitas das dificuldades atuais.

Em abril deste ano, completaremos dois anos da guerra civil no Sudão, que já causou mais de 20 mil mortes e gerou uma grave crise humanitária.

O Sudão está localizado na região conhecida como Chifre da África, que atrai o interesse das grandes potências mundiais devido ao comércio internacional, já que está situada na entrada do Mar Vermelho.

Além disso, a abundância de recursos naturais do país como gás natural e ouro que deveriam colocar o país em melhor forma econômica não funcionam tanto. Mais da metade do ouro sudanês é contrabandeado por milícias internacionais, como o Grupo Wagner, aliados de Putin.

O conflito ocorre entre Abdel Fatah al-Burhan, o atual líder do país, e Mohamed Hamdan Dagalo, líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAP). Embora a disputa entre os generais seja disfarçada como uma luta pelo governo de transição e divergências sobre o futuro do grupo paramilitar, na verdade, trata-se de uma batalha por poder, riqueza e influência.

O conflito se intensificou; hoje, estima-se que mais de 11,5 milhões de pessoas foram deslocadas à força, sendo que 8,8 milhões deixaram suas casas e 3,2 milhões buscaram refúgio no Egito, Chade e República Centro-Africana, países que já enfrentam graves problemas econômicos e não têm condições de acolher tal fluxo migratório.

Além disso, estima-se que 18 milhões de pessoas enfrentam grave insegurança alimentar, ou seja, não têm comida por um dia inteiro ou mais, e quase 1 milhão de crianças sofrem de desnutrição aguda.

Já são mais de 20 mil mortos em decorrência da guerra e seus desdobramentos, como a falta de alimentação e atendimento médico minimamente adequado. O Sudão tem quase 50 milhões de habitantes, e metade deles precisa de ajuda humanitária neste momento.

A crítica hoje feita pelos organismos internacionais é direcionada à comunidade global, que volta todos os olhos para Gaza e a Ucrânia, deixando o povo do Sudão à própria sorte.

Parar um conflito não é simples, mas a pressão da comunidade internacional tem grande poder; pode facilitar a chegada da ajuda humanitária e proporcionar o mínimo de dignidade ao povo sudanês tão afetado.


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