O terror volta à Síria.
Três meses depois da queda de Al-Assad, o horror está de volta à Síria. Massacre de civis e confrontos entre forças de segurança leais ao governo interino e militantes leais ao ex-ditador Bashar Al-Assad deixam 1.454 mortos, incluindo 973 membros da minoria alauíta. Presidente promete justiça e clama por unidade.
Em dezembro de 2024, o povo sírio comemorava a queda do governo do ditador Bashar al-Assad. Após anos de uma guerra civil intensa que deixou mais de 500 mil mortos, a paz e um futuro próspero pareciam reais no horizonte sírio.
Entretanto, na última semana, novos confrontos surgiram. O que começou com um embate entre apoiadores do antigo presidente e defensores do atual regime, rapidamente se transformou em uma represália étnica que já vitimou mais de mil pessoas.
A Síria é historicamente formada por diversas etnias. O antigo presidente Assad era um alauíta, um grupo muçulmano xiita minoritário que vive predominantemente em um país de maioria sunita.
A família Assad governou a Síria por mais de meio século, até que Bashar foi deposto em dezembro por combatentes islâmicos sunitas, que buscavam remodelar a ordem política e sectária do país.
Ao longo do governo de Assad, os alauítas foram frequentemente associados, pelos sunitas, às atrocidades cometidas pelo regime durante a guerra civil síria.
O atual presidente sírio, Ahmad al-Sharaa, ex-líder de um grupo terrorista ligado à Al-Qaeda, prometeu, ao assumir o poder, garantir igualdade política e representação às diversas populações étnicas e religiosas da Síria, além de assegurar que não haveria represálias contra os alauítas e outras etnias minoritárias.
No entanto, segundo relatos, homens armados ligados ao novo regime realizaram execuções em nome da "purificação" do país. Do outro lado, grupos paramilitares fiéis ao ex-presidente atacam postos de controle e patrulhas do governo, matando e ferindo pessoas.
As vítimas, em sua maioria, não são soldados ou terroristas, mas civis: homens, mulheres, idosos e crianças.
Uma nova guerra civil iminente volta a assombrar o povo sírio. As mortes ocorrem por questões de etnia e religião. Para ilustrar, seria como se um grupo de torcedores de futebol se armasse e matasse pessoas que torcem para times rivais. No Brasil, lamentamos quando torcedores morrem em confrontos, mas imagine o terror de civis mortos por causa de suas preferências esportivas, ou pior, supostas preferências e envolvimentos!
É claro que, em conflitos étnicos, a questão é muito mais complexa do que esse exemplo simplificado. São séculos de guerras, perseguições, torturas e mortes, ocorridas em diversas partes do mundo, inclusive por ações de um certo falso alemão.
O governo sírio promete investigar e punir os responsáveis, mas é difícil acreditar em um presidente que, até dezembro, era um líder terrorista e agora se apresenta como democrata e garantidor de direitos.
É possível que o atual líder mantenha um discurso pacifista externamente, mas adote uma postura vingativa internamente. Não seria o primeiro a encobrir ações de vingança com retórica falsa.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir em breve para buscar soluções antes que o conflito se agrave. Ao menos, para esses países, o conselho ainda tem alguma utilidade.