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Indicações políticas x Conhecimento técnico: O dilema das assessorias no começo dos mandatos gera discussão na cidade de Taubaté

Sergio Victor e Ortiz Junior assumiram cargos e montaram sua assessoria porém fica a dúvida, estão sendo justos com a população que os elegeu?

Guilherme Belisqui | Data: 07/02/2025 13:21

Quando um político assume um cargo no executivo ou no legislativo, seja como prefeito ou deputado estadual, uma das primeiras decisões que precisa tomar é a formação de sua equipe. Em teoria, essa equipe deveria ser composta por profissionais qualificados, com conhecimento técnico suficiente para administrar as diversas áreas competentes ao cargo que foi eleito. Na prática, porém, a realidade é bem diferente: cargos estratégicos são, em grande parte, ocupados por indicações políticas. Mas por que isso acontece?

A política, na sua essência, é movida por alianças. Durante uma campanha eleitoral, um candidato precisa de apoio para se eleger. Esse apoio pode vir de partidos, financiadores, lideranças comunitárias, sindicatos e outros grupos de influência. Depois de eleito, ele precisa retribuir esses apoios.

Uma das formas mais comuns de "compensação" é a distribuição de cargos dentro da administração. Quem ajudou a eleger o governante, muitas vezes, espera ser recompensado com um espaço na gestão. Dessa forma, mesmo que um técnico altamente capacitado esteja disponível, um aliado político costuma ter prioridade.

Outro fator determinante é o controle sobre a administração. Um político não quer correr o risco de ser sabotado por uma equipe que não compartilha de suas ideias ou que pode agir de forma independente. Ao nomear pessoas de sua confiança para os principais cargos, ele garante que seu governo estará alinhado com sua estratégia política e suas decisões serão executadas sem grandes resistências.

Além disso, cargos políticos podem servir como amortecedores de crises. Quando um escândalo surge, muitas vezes, um assessor político é substituído para acalmar os ânimos, enquanto um técnico dificilmente entraria nesse jogo de manobra política.

Na maioria das democracias, políticos dependem de partidos para se eleger e governar. Em muitos casos, os partidos exigem que seus membros sejam nomeados para cargos no governo, fortalecendo sua influência dentro da administração. Além disso, vereadores, deputados e outras lideranças também pressionam por indicações, criando uma engrenagem difícil de ser desmontada.

Outro ponto importante é que, muitas vezes, o próprio partido do governante já tem uma fila de apoiadores esperando por cargos, o que reforça essa dinâmica e enfraquece a possibilidade de nomeações técnicas. Já repararam que muitas vezes as mesmas “figurinhas” vão pulando de cidade a cidade, governo atrás de governo sem uma avaliação de como foi a sua entrega de trabalhos em gestões anteriores?

Um problema estrutural é a baixa valorização do conhecimento técnico dentro da política. Enquanto no setor privado é impensável colocar um executivo sem experiência para gerir uma grande empresa, no setor público isso acontece com frequência. Muitas vezes, secretarias e órgãos são ocupados por pessoas que não possuem conhecimento profundo sobre a área, resultando em gestões ineficientes e projetos mal-executados.

Quando cargos estratégicos são ocupados apenas por indicação política, sem critérios técnicos, os resultados aparecem na forma de desperdício de dinheiro público, serviços ruins e falta de inovação na administração. Projetos mal planejados, atrasos em obras e programas ineficazes são reflexos diretos dessa prática.

A longo prazo, a ausência de conhecimento técnico nos postos-chave do governo prejudica a população. Escolhas equivocadas podem gerar crises financeiras, colapsos na infraestrutura e uma gestão pública ineficiente, aumentando a desconfiança da sociedade na política. Conhecem algum lugar que esteja assim?

Embora, infelizmente, seja difícil eliminar completamente as indicações políticas, algumas medidas podem ajudar a equilibrar a situação:

  • Critérios técnicos para nomeações: Exigir que determinados cargos sejam ocupados apenas por profissionais com formação e experiência na área.
  • Maior fiscalização da sociedade: Cobrar transparência e critérios claros para as nomeações, exigindo profissionais competentes nas funções essenciais.
  • Limitação de cargos comissionados: Reduzir o número de cargos de livre nomeação e fortalecer o funcionalismo público técnico.
  • Avaliação de desempenho: Criar mecanismos que exijam resultados concretos dos nomeados, independentemente de sua origem política.

No fim das contas, a questão é simples: queremos governos eficientes ou apenas politicamente convenientes? Enquanto a prioridade for manter alianças, a competência continuará em segundo plano. A mudança depende de governantes comprometidos e de uma sociedade atenta, que não aceite a política como um jogo de favores, mas como uma gestão que deve entregar resultados reais.

Além disso, que os eleitos sejam cobrados pela a equipe escolhida e encontrem ferramentas para achar a medição se o trabalho está sendo bem realizado e à contento da população, afinal, se esperar o resultado das urnas para essa avaliação, o resultado pode ser igual aos que tiveram os dois últimos prefeitos da cidade de Taubaté.

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