Essequibo, o ponto de tensão na América do Sul.
Venezuela e suas ambições territoriais na Guiana.
Parece que o governo venezuelano quer aproveitar a onda mundial do revisionismo territorial. O alvo é bem claro: Essequibo, na Guiana.
Talvez você se recorde de um debate no final de 2023 sobre a região. Pois é, parece que nem tudo se pacificou como o esperado. Enquanto estamos de olho em Trump, Putin, Zelensky e Xi Jinping, Maduro teria feito “novas investidas” no território da Guiana.
No início do mês, uma patrulha da guarda costeira venezuelana rondou uma estação petrolífera em águas da Guiana, na região de Essequibo, o que levou o governo guianense a convocar o embaixador venezuelano no país e a emitir um protesto formal.
Além disso, a Venezuela foi denunciada pela Guiana na Corte Internacional de Justiça pelo ato e ainda enfrenta um pedido de medida protetiva contra a convocação venezuelana de eleições estaduais no território de Essequibo, o que o governo guianense considera uma intervenção em seu território.
Sim, é isso mesmo: o governo venezuelano convocou uma eleição para um território de outro país, que ele acredita lhe pertencer por direito.
Seria como se o governo brasileiro convocasse eleições no Uruguai ou a Bolívia fizesse o mesmo no Acre.
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, convidou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, para uma reunião sobre a disputa territorial, mas o chamou de “Zelensky do Caribe”.
Guiana e Venezuela disputam a região de Essequibo há muitos anos. Com um total de 159 mil km², a área é maior que o estado do Ceará e a Inglaterra.
A disputa pela área é secular e teve início por volta dos anos 1600. Britânicos, espanhóis, portugueses, franceses e neerlandeses travaram batalhas pela região. Na época, os conflitos se estendiam da atual Guiana até o estado brasileiro do Amapá. Toda a região era chamada de Guiana. Por exemplo, o Amapá era conhecido como Guiana Portuguesa.
Desde sua independência, a Venezuela reivindica a posse da área de Essequibo, inclusive não reconhecendo o tratado que delimitou a região.
Alguns presidentes venezuelanos levaram a sério a ideia de invadir o país vizinho e lutar pela área, mas nenhum obteve sucesso na empreitada.
Recentemente, foram descobertas grandes reservas de petróleo na região. A estimativa é que haja o equivalente a 11 bilhões de barris de petróleo, o que, obviamente, valorizou a área.
É hora de olharmos mais de perto. O Brasil deve tomar uma posição a respeito, mesmo que mantenha sua histórica imparcialidade, principalmente para evitar um conflito armado em nossas fronteiras.
Assim como em uma doença, quanto mais cedo o problema for identificado, mais eficaz será o tratamento. O mesmo se aplica a esse tipo de conflito.